segunda-feira, 16 de julho de 2007

O dia seguinte

Tiago Mendes, numa análise interessante e um pouco a contraciclo (afirmar que Costa «é o grande derrotado da noite», ou duvidar da condição de derrotados de Telmo Correia e Paulo Portas é, no mínimo, discutível.) Ainda assim, há um parágrafo aparentemente marginal que, no entanto, explica muita coisa acerca do CDS:

(...) [P]ouco mais restava a Portas que não acompanhar o seu candidato na limpeza de graffitis e nos beijinhos de rua. (Parece que Portas andava a dar dois e que Correia se terá esquecido de não manter o seu habitual protocolo, deixando uma senhora pendurada com um beijinho, o que dificilmente não será, no contexto, uma certa falta de educação, mas deixemos isso de lado.) (...)

O CDS, que teve até há bem pouco tempo uma das melhores pessoas em Lisboa (Nogueira Pinto), está cada vez mais fechado, em circuito interno. Fala sempre para dentro de si mesmo, escolhe sempre a posição de último reduto moral da sociedade, decide sempre pelos actos honrosos mas inúteis (como a demissão de Telmo Correia da vice-presidência, ele que é um dos portistas mais competentes - e talvez se explique por aqui a recusa de Nobre Guedes em ser o nº 1.) Reparem como ideologicamente eu não estou muito longe do CDS, e isso acontece sempre que o PSD se lembra de se colar ao centro. Para todos os efeitos, o CDS é o único partido ligeiramente liberal que temos (e a lei do trabalho de Bagão Félix é um bom exemplo daquilo que o partido pode trazer para o país). Infelizmente, é também um partido cheio de gente pouco qualificada e demasiadamente democrata-cristã para meu gosto: fica-se com a sensação de que o CDS gastou mais recursos no referendo ao aborto do que nestas eleições intercalares, o que é um disparate. Por tudo isto, não espanta que Telmo não tenha sido eleito e, para ser sincero, depois da campanha que dez duvido mesmo se fará falta.