sexta-feira, 15 de abril de 2005

Casa da Música

João, estás a atacar o cavalo pelo lado errado. Há muito por onde questionar Koolhaas, sem dúvida, e já lá vamos. Mas concede o estado de graça à Casa da Música que ela bem merece. Aqui só podemos agradecer ao holandês porque, sem qualquer tipo de dúvida, ele desenhou não só um equipamento cultural de excepção para o Porto, como também uma das obras de arquitectura mais importantes a nível mundial no virar de milénio. Tudo ali funciona bem: o conceito, o espaço, os materiais, a textura, a luz, a implantação. Não conheço nenhum outro edifício da OMA do qual se possa dizer isto (talvez a biblioteca de Seattle, havemos de lá ir em procissão um dia destes).
Se queres maldizer o tipo que tal pegares na paupérrima Embaixada da Holanda em Berlim, obra vencedora do Mies van der Rohe 2005? Não é só o facto da Zaha Hadid e dos seus comparsas serem demasiado obtusos para entender o Estádio de Braga que me desgosta: o grande problema é que a obra vencedora é má demais para ser verdade. Aquilo parece um projecto académico de um estudante português fascinado com a Holanda, um edifício banal com tudo o que é tique e toque da OMA, ou dos MVRDV. Isto para dizer para deixares a Casa da Múscia em paz. Não tenhas receio: a arquitectura da Casa da Música vai convencer quase todos, e poderá contribuir para a divulgação (directa ao espírito popular) da arquitectura contemporânea. 4 anos e 100 milhões de euros depois pode dizer-se que valeu a pena. É ir lá e conferir.