sexta-feira, 29 de abril de 2005

A intolerância de Ratzinger

João Miguel Tavares diz exactamente aquilo que penso:

(...) Esta falta de tolerância para opiniões opostas, sobretudo se colocadas num tom um pouco mais apimentado, é uma triste consequência da falta de debate interno na Igreja e da mão de ferro que é exercida pela hierarquia sobre todo o pensamento que foge ao cânone estabelecido. Também aqui há um dedinho do ex-cardeal Ratzinger, que como grande guardião da doutrina foi apertando a rede de dogmas até praticamente sufocar toda a palavra divergente.

Ora, o grande mérito dos Evangelhos é a estruturação do discurso de Jesus em parábolas, numa linguagem metafórica que permite a abertura dos sentidos, e que por isso continua a estimular-nos, dois mil anos depois. A transformação da metáfora em dogma é uma atitude violenta e concentracionária, profundamente farisaica, que deixou um rasto de milhões de mortos ao longo dos séculos. Mas há cristãos que continuam sem perceber isso. Chamar "pastor alemão" a Bento XVI é uma piada. Uma graçola inofensiva. E se Deus existir, há-de ter algum sentido de humor.

O pastor alemão (parte II)