quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005

The Friendly Alien

Por razões de ordem auto-biográfica que não interessa agora e aqui referir, descobri que o Kunsthaus Graz fica em Graz. Devo no entanto chamar a atenção para o facto de eu não saber que o Kunsthaus Graz se chamava Kunsthaus Graz, logo estava impedido de fazer a associação mental a que o leitor neste momento se dedica, ou seja, o Kunsthaus Graz só pode ser em Graz. Devo dizer que nem sabia, isto é verídico, que o Kunsthaus Graz era de Peter Cook e de Colin Fournier. Peter Cook é/foi o fundador da Archigram, o que explica muita coisa, já que Cook descreve a sua obra como sendo «lyrical technical mechanical, even slightly gothic.» Bem, isto tudo para dizer o quê? Nada de jeito, como é apanágio. Mas não deixa de surpreender que eu conheça tão bem o edifício (a sua forma, inserção, tecnologia) e não fazer ideia sequer de onde é. Claro que revela alguma falta de interesse. Admito que as luzinhas da fachada me enchem as medidas, não querendo eu saber mais. Futurista, é certo, e por norma os futurismos são de pouco interesse. Mas, e não sabendo bem explicar porquê, este interessa-me. Interessa-me este conceito de tranformar a pele de um edifício num ecrã de baixa resolução, palco para variadas animações, virtualmente sem limites. É uma boa metáfora daquilo em que se tem vindo a tornar a arquitectura: num acontecimento superficial destinado a entreter, concentrando todo o seu esforço na fachada exterior. Num dos vídeos que se pode ver no site, Peter Cook, ao falar nos Noozles (as clarabóias da cobertura), diz que «they are the way of reminding us that natural light is very important ». Este é o estado em que estamos: é preciso haver algo que nos lembre que a luz natural é importante. Tudo dito.



P.S: Descobri agora que o edifício fez parte da Graz 2003 - Capital Europeia da Cultura. O que também explica muita coisa.