sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Carta aberta à FNAC Chiado

O vosso site está em baixo. Por muito que me contente por ver coisas francesas em baixo (e contento) esta está a chatear-me particularmente. Foi hoje posto a circular um livro chamado Pastoral Portuguesa, de Rogério Casanova, que os senhores não só devem ter recebido como julgo que não o devem ter deixado passar em claro: é verde e preto e a capa apresenta, para além de uns elogios que são, garanto-vos, modestos, uma mulher nua a tentar provar que está sóbria. Este fim-de-semana é fim-de-semana de carnaval, e os fins-de-semana de carnaval são fins-de-semana compridos, com ponte incluída. Está sobre a mesa a hipótese de me deslocar para fora de Lisboa durante esta época festiva, embora eu não confirme nem desminta que esteja a fugir seja do que for, o que, a acontecer, se realizará lá para domingo (a omnipresença ainda é uma característica em falta da Sporttv, e amanhã há jogo grande, o que inviabiliza que o meu êxodo seja mais precoce). A vossa loja cruza-se tangencialmente com o meu trajecto diário. Separam-nos três pisos de escadas porque eu não uso os vossos elevadores. Não é nada de pessoal: quando o sol começa a aparecer e a temperatura a sair dos níveis civilizados eu passo a evitar espaços fechados e fracamente ventilados. Espero que percebam que o sítio para onde me preparo para passar o fim-de-semana comprido não tem acesso à internet - mas tem, eu sei que perceberam, acesso à TVI, estação televisiva que retransmitirá a cerimónia de entrega dos óscares na madrugada de domingo para segunda-feira, e este ano há Penélope Cruz nomeada (mas não há Rachel Weisz, preciso de conforto). Passo então a explicar o que se irá passar. Como o vosso site está em baixo, não pude confirmar a correcta inscrição do título em questão no vosso catálogo, o que, no entanto, não me irá demover de acertar ligeiramente o meu passeio e de me sujeitar aos 65 degraus de pedra que nos separam. Vou fazer um esforço de o encontrar sozinho, embora a minha fé nesse capítulo seja diminuta. O que eu desejo que aconteça é que o vosso funcionário que me atender depois de eu ter confirmado o inevitável consiga fornecer-me a informação pretendida, isto é, a correcta localização de Pastoral Portuguesa, de Rogério Casanova, nas estantes da vossa loja. O não cumprimento desta expectativa poderá estragar-me o fim-de-semana, e notem que eu já não estou muito bem disposto com esta coisa toda do entrudo. São neste momento três da tarde; têm três horas e meia para se organizarem até à minha ETA*. Nada de palhaçadas.

O vosso,

Lourenço

* N. T.: Estimated time of arrival.