domingo, 10 de junho de 2007
Guilty pleasure
Ocean's 13 apareceu para confirmar que é possível fazer um filme que entretém, sem que para isso se tenha de recorrer a qualquer tipo de surpresa, imaginação, ou vontade de dizer alguma coisa. A fórmula está gasta: estava já gasta em Ocean's 12, mas julgo que concordaremos todos sem dificuldade que podemos ignorar esse pequeno facto. A composição das novas personagens não se desvia um milímetro de grelha conhecida (Al Pacino é agonizante no evidente desperdício de talento, numa personagem em tudo inferior à de Andy Garcia) e o argumento abdica de qualquer tipo de jogo com o espectador, que era o ponto mais forte em Ocean's 11. Até na presença feminina se percebe um alheamento completo do respeito pelo espectador masculino heterossexual: passar de Julia Roberts e Catherine Zeta-Jones para Ellen Barkin é como esperar uma ocasião especial para se comer a mousse de chocolate que se guardou no congelador desde o natal e perceber ao abrir o tupperware que a coisa se estragou e tem de ir para o lixo. Sobram duas horas de caretas estilosas embaladas pela banda sonora esperada que nos embriaga, deixando-nos num estado hedonista de dormência envergonhada. Apesar de tudo, nós gostamos.