domingo, 17 de junho de 2007
Papá Quebec 2
O objectivo era escrever um texto humorístico sobre o assunto: o carro foi-nos rebocado no dia 12 de Junho, véspera de um Santo António agitado aqui na Baixa. Acontece que não contámos com a incompetência da polícia municipal (bom, é municipal, a incompetência é quase uma condição sine qua non): o motivo da coima não era válido. Estacionar do lado esquerdo da faixa de rodagem, diz no auto, mas em frente ao número assinalado está lá plantado um daqueles sinais azuis que diz «Pê» de, hum, papá, ou Parque, senhores incompetentes. Incompetentes também os agentes do parque dos reboques, que em vez de assinalar «depósito» como motivo de lá termos deixado 90 euros, assinalaram (sim, foi mais do que um agente que tratou do auto, parece que é tarefa de grau de dificuldade acrescida) convenientemente «coima», apesar de nossos repetidos e impecavelmente bem educados protestos e manifestações finíssimas de intenção de impugnação. Ou seja, esta história toda, que ao princípio parecia apenas um excesso de zelo (rebocar um carro num local de estacionamento consensual - dos poucos que não estorvam a vida aos transeuntes e não usam a bela calçada à portuguesa como parque - logo num dia onde qualquer tasca - e aqui há muitas - quer montar arraial para venda de sardinhas e cerveja), transformou-se num abuso intolerável de autoridade. O autuante - que cobardemente não assinou a notificação, que provavelmente é primo do tascante que o chamou e que ainda mais provavelmente recebeu como recompensa um simpático bar aberto na noite folia lisboeta - que não pense que a sua hipotética mulher e manada de filhos servirão como almofada da nossa ira: de uma queixa não se livra. Chamem-nos queixinhas, vá. Vá.